Muitas vezes intervenções e trabalhos site-specific redundam em metanarrativas que apenas reafirmam o peso institucional dos aparelhos culturais onde se alocam ou mesmo burocratizam “poeticamente” certo lugares com uma loquaz petição de direitos do artista: demiurgo de sua própria contemporaneidade.
Parte-se de uma prótese textual, como se fosse necessário
uma complementação discursiva ao estatuto de um lugar, para posteriormente
ilustra-la ou adorna-la. Criam-se problemas para que não sejam possíveis
soluções. Vicia-se em “questões”.
Essas intervenções se enfraqueceram como se morassem de
repente numa tipologia arquitetônica muito especifica. Perderam sua potencia devido ao desejo de
afirmação intelectual, como se fosse necessário serem mais institucionais que
as próprias instituições nas quais pretendem intervir.
O grande exemplo é a incessante critica à arquitetura
moderna que em sua dialética formal, seu jogo simplicidade/complexidade, não
precisa suportar suas possíveis ressignificações. Talvez seja por isso o
caráter efêmero e instável das instalações que pretendem discuti-la ou
critica-la. Alugam-se espaços para serem maculados, mas espaços impenetráveis.
Tenho uma sensação estranha com as instalações e
intervenções de Bortolozzo, são enxutas e vencem os espaços pela autonomia. Mas
ao mesmo tempo fogem da austeridade forjada pelo que se cansa de ser chamada
arte e politica que perde sua justificação desde que não consegue mais
acompanhar seu fetiche por problematizações espúrias.
A reencenação dos elementos arquiteturais, a inserção ou
reinserção do vernacular: “fazer”uma rua dentro da Bienal de São Paulo, um mini
half-pipe convexo no Paço das Artes, etc. Pensar mais a arquitetura na
cenografia, e fazer cenografia do ordinário dentro do institucional. As
pinturas de toboáguas, que jogam com elipses no espaço bidimensional. Como se conseguisse mesmo enfiar uma
heterotopia dentro de outra.
Publicado no Folder da III Mostra do Programa de Exposições 2014 do CCSP.
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